É preciso muita coragem e forca para se meter nas coisas do amor, porque ele envolve algumas das sensações mais prazerosas e gratificantes que poderemos sentir na vida, mas também alguns dos maiores sofrimentos. A dor de amor, a dor da perda da pessoa amada que nos abandona - por desinteresse ou morte - em pleno vigor do encantamento amoroso é uma coisa terrível, é um sofrimento que pode nos derrubar por vários meses. Poderemos demorar anos para nos recompor completamente. Algumas pessoas jamais se recuperam de uma experiência desse tipo e preferem passar o resto da vida de uma forma individualista e solitária, cultivando apenas os “pequenos amores” das amizades e relações de parentesco.
Quando somos privados da presença da criatura amada, sentimos uma terrível sensação de tristeza e depressão . É como se nada mais nos interessasse, uma vez que toda a luz vem do outro. É como se não existisse menor sentido na vida sem a presença do amado. A vontade é de morrer, de se suicidar. Ainda bem que são muito poucas as pessoas que levam a serio esse desejo. Acredito que a dor de perda seja, em parte, uma forma de reviver o afastamento que a criancinha precisa estabelecer em relação à mãe, de quem inicialmente ela dependeu para tudo. É preciso que a gente preste grande atenção às semelhanças entre o amor adulto e a ligação do bebe com a mãe para que não sejamos surpreendido por comportamento infantis demais. Para a criança, de fato, não existe vida sem a mãe. Para nós, adultos, isso é apenas uma sensação e não um fato !
Ao sermos forcados a romper uma ligação amorosa, ficamos um longo tempo deprimidos e aparvalhados. É claro que a intensidade da dor depende do tempo de namoro, do grau de desgaste do relacionamento na hora em que ela termina, de quem foi que tomou a iniciativa, das causas dessa ruptura etc. Aqui eu preferi descrever a dor máxima, a que ocorre quando uma pessoa é privada, contra sua vontade, do convívio de alguém a quem ama muito. A sensação é de vontade de morrer. Tudo lembra morte, depressão profunda. A gente imagina que o outro esta nos esquecendo, que estamos morrendo na consciência da amada. A gente que era único e especial, será “mais uma pessoa”, perdera aquele toque magico que caracteriza o amor. E assistir ao próprio funeral ! É dor forte demais .
Alem de ter de morrer na consciência da amada, teremos também de mata-lo na nossa consciência. Parar de pensar nela é o mesmo que mata-la. Não se pode esquecer a amada, pois isso é alta traição, e ela estará fazendo o mesmo conosco . É evidente que, para amar e correr o risco desse tipo de sofrimento, temos de ser criaturas bastantes fortes . Podemos ser vistos também como “irresponsáveis” - já houve pessoas que assim denominaram quem se entrega dessa forma a um ser humano; achavam melhor a pessoa amar a Deus, pois ai não correria esse risco. As coisas, porem, vem acompanhadas de sensações tão agradáveis, de prazeres tão fortes. No fim das contas, a maioria das pessoas acaba achando que, de vez em quando, vale a pena correr o risco.
É importante perceber que todos nos teremos de passar por isso, a menos que a gente morra antes da hora usual. Dessa forma, a atitude dos espertos, de querer escapar à dor, não tem muito sentido. É muito mais sensato tentar crescer e se fortalecer para enfrenta-las à medida que surjam. As dores existirão tanto para os que não as suportam como para os que as aceitam e toleram melhor. Não suporta sofrimento não diminui as chances de sofrer, apenas acovarda a pessoa diante da vida. Eu tenho dito muitas vezes que a parte negativa e dolorosa da vida é idêntica para todo o mundo. Agora, as coisas boas, alegres e felizes, essas sim é que nos distinguem: uns as tem , outros não. A coragem para sofrer nos ajuda a ser da turma que usufrui também as coisas boas, alem de nos passar melhor pelas dores inevitáveis da vida.
No amor existe a terrível dor da perda, da ruptura de um vinculo que era vivido como básico, como indispensável, e essa dor, por si só, já seria dramática e dificílima de ser superada. Acontece que ela é assim “pura” apenas quando a perda se dá por morte da pessoa amada. É evidente que não estou falando dos relacionamentos que terminam porque o amor da gente se esvaziou. Aí existe separação, mas não existe dor de amor, porque não existe mais amor. Em todos os outros casos de separação por iniciativa do outro , alem da dor da perda, tem-se de enfrentar também as coisas ligadas à vaidade.
Não é difícil imaginar como dói ao nosso orgulho íntimo -nome que também quer dizer “vaidade”- saber que a pessoa amada não nos quer mais porque já não nos ama, saber que isso significa que a decepcionamos, que a admiração que ela sentia pela gente desapareceu. Não gostamos disso em nenhuma pessoa, que dirá naquela que nos é a mais importante. Sentimo-nos muitos para baixo, mesmo que tenhamos, como regra, uma boa auto-estima. Aliás, é bom que se registre que a auto-estima não é constante: ela depende das coisas que nos acontecem; episódios positivos aumentam nossa avaliação, sendo o inverso com as rejeições e abandonos.
Vivemos, pois, dois tipos de dor ao mesmo tempo. Muitas vezes é difícil saber avaliar com precisão o tamanho de cada uma delas. As pessoas mais egoístas são muito sensíveis as coisas da vaidade e sofrem menos com a perda amorosa porque se apegam menos. Às vezes confundem as coisas e pensam que estavam gostando mais do que pensavam em virtude da dor que sentem na ruptura, mas é basicamente orgulho ferido pela rejeição. Pessoas mais generosas também tem vaidade, porem sofrem mais a perda amorosa porque se apegam com maior facilidade e mais intensidade.
Estou me referindo mesmo àquelas concessões que violentam nossa maneira de ser e de pensar. Refiro-me, por exemplo, ao fato de uma pessoa religiosa ser impedida de freqüentar os cultos de sua igreja; de um esportista não poder ir ao clube nos fins de semana; de um homem que gosta de ler não poder ficar com seus livros após o jantar, e assim por diante. Refiro-me a pessoas sufocadas pelo ciúme do outro, pela inveja do outro, que as impede de exercer todas as potencialidades. É triste ver que, em função do medo de passar pela dramática ruptura amorosa - dramática mas passageira - , algumas pessoas preferem ir ficando em relacionamentos opressivos e, sem perceber, vão morrendo aos poucos.
Quando somos privados da presença da criatura amada, sentimos uma terrível sensação de tristeza e depressão . É como se nada mais nos interessasse, uma vez que toda a luz vem do outro. É como se não existisse menor sentido na vida sem a presença do amado. A vontade é de morrer, de se suicidar. Ainda bem que são muito poucas as pessoas que levam a serio esse desejo. Acredito que a dor de perda seja, em parte, uma forma de reviver o afastamento que a criancinha precisa estabelecer em relação à mãe, de quem inicialmente ela dependeu para tudo. É preciso que a gente preste grande atenção às semelhanças entre o amor adulto e a ligação do bebe com a mãe para que não sejamos surpreendido por comportamento infantis demais. Para a criança, de fato, não existe vida sem a mãe. Para nós, adultos, isso é apenas uma sensação e não um fato !
Ao sermos forcados a romper uma ligação amorosa, ficamos um longo tempo deprimidos e aparvalhados. É claro que a intensidade da dor depende do tempo de namoro, do grau de desgaste do relacionamento na hora em que ela termina, de quem foi que tomou a iniciativa, das causas dessa ruptura etc. Aqui eu preferi descrever a dor máxima, a que ocorre quando uma pessoa é privada, contra sua vontade, do convívio de alguém a quem ama muito. A sensação é de vontade de morrer. Tudo lembra morte, depressão profunda. A gente imagina que o outro esta nos esquecendo, que estamos morrendo na consciência da amada. A gente que era único e especial, será “mais uma pessoa”, perdera aquele toque magico que caracteriza o amor. E assistir ao próprio funeral ! É dor forte demais .
Alem de ter de morrer na consciência da amada, teremos também de mata-lo na nossa consciência. Parar de pensar nela é o mesmo que mata-la. Não se pode esquecer a amada, pois isso é alta traição, e ela estará fazendo o mesmo conosco . É evidente que, para amar e correr o risco desse tipo de sofrimento, temos de ser criaturas bastantes fortes . Podemos ser vistos também como “irresponsáveis” - já houve pessoas que assim denominaram quem se entrega dessa forma a um ser humano; achavam melhor a pessoa amar a Deus, pois ai não correria esse risco. As coisas, porem, vem acompanhadas de sensações tão agradáveis, de prazeres tão fortes. No fim das contas, a maioria das pessoas acaba achando que, de vez em quando, vale a pena correr o risco.
É importante perceber que todos nos teremos de passar por isso, a menos que a gente morra antes da hora usual. Dessa forma, a atitude dos espertos, de querer escapar à dor, não tem muito sentido. É muito mais sensato tentar crescer e se fortalecer para enfrenta-las à medida que surjam. As dores existirão tanto para os que não as suportam como para os que as aceitam e toleram melhor. Não suporta sofrimento não diminui as chances de sofrer, apenas acovarda a pessoa diante da vida. Eu tenho dito muitas vezes que a parte negativa e dolorosa da vida é idêntica para todo o mundo. Agora, as coisas boas, alegres e felizes, essas sim é que nos distinguem: uns as tem , outros não. A coragem para sofrer nos ajuda a ser da turma que usufrui também as coisas boas, alem de nos passar melhor pelas dores inevitáveis da vida.
No amor existe a terrível dor da perda, da ruptura de um vinculo que era vivido como básico, como indispensável, e essa dor, por si só, já seria dramática e dificílima de ser superada. Acontece que ela é assim “pura” apenas quando a perda se dá por morte da pessoa amada. É evidente que não estou falando dos relacionamentos que terminam porque o amor da gente se esvaziou. Aí existe separação, mas não existe dor de amor, porque não existe mais amor. Em todos os outros casos de separação por iniciativa do outro , alem da dor da perda, tem-se de enfrentar também as coisas ligadas à vaidade.
Não é difícil imaginar como dói ao nosso orgulho íntimo -nome que também quer dizer “vaidade”- saber que a pessoa amada não nos quer mais porque já não nos ama, saber que isso significa que a decepcionamos, que a admiração que ela sentia pela gente desapareceu. Não gostamos disso em nenhuma pessoa, que dirá naquela que nos é a mais importante. Sentimo-nos muitos para baixo, mesmo que tenhamos, como regra, uma boa auto-estima. Aliás, é bom que se registre que a auto-estima não é constante: ela depende das coisas que nos acontecem; episódios positivos aumentam nossa avaliação, sendo o inverso com as rejeições e abandonos.
Vivemos, pois, dois tipos de dor ao mesmo tempo. Muitas vezes é difícil saber avaliar com precisão o tamanho de cada uma delas. As pessoas mais egoístas são muito sensíveis as coisas da vaidade e sofrem menos com a perda amorosa porque se apegam menos. Às vezes confundem as coisas e pensam que estavam gostando mais do que pensavam em virtude da dor que sentem na ruptura, mas é basicamente orgulho ferido pela rejeição. Pessoas mais generosas também tem vaidade, porem sofrem mais a perda amorosa porque se apegam com maior facilidade e mais intensidade.
Estou me referindo mesmo àquelas concessões que violentam nossa maneira de ser e de pensar. Refiro-me, por exemplo, ao fato de uma pessoa religiosa ser impedida de freqüentar os cultos de sua igreja; de um esportista não poder ir ao clube nos fins de semana; de um homem que gosta de ler não poder ficar com seus livros após o jantar, e assim por diante. Refiro-me a pessoas sufocadas pelo ciúme do outro, pela inveja do outro, que as impede de exercer todas as potencialidades. É triste ver que, em função do medo de passar pela dramática ruptura amorosa - dramática mas passageira - , algumas pessoas preferem ir ficando em relacionamentos opressivos e, sem perceber, vão morrendo aos poucos.
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